Tenho 36 anos, e passei toda a minha vida carregando comigo o medo da rejeição e a sensação de impotência perante a vida.

Em tempos onde a depressão fica mais profunda, chego a pensar em desistir do trabalho, da família, enfim, da vida. Sim, já pensei em suicídio. Seria uma forma rápida e eficiente de acabar com todo esse sofrimento.Nada ia pra frente na minha vida. Tive alguns momentos de felicidade, onde achei que finalmente as coisas estavam melhorando, mas sempre me deparava com o medo.

Paralisar por medo não é nem um pouco agradável. A gente se sente impotente, incapaz. Duvidar de si mesmo é algo que ninguém deveria experimentar. E eu já conhecia esse sentimento tão bem, que em qualquer situação eu achava que ia estragar tudo, cometendo algum erro estúpido.

Foi no trabalho que ouvi falar sobre a TRG. Uma colega com quem eu costumava desabafar me indicou sua terapeuta, que utiliza a técnica. Ela disse que, com certeza, eu tinha esse medo todo por algum trauma do passado, e que a TRG ia me ajudar a descobrir o que era.

E foi certeiro! Já na primeira sessão eu lembrei de um dia, quando eu tinha por volta dos 11 anos, em que, sem querer, eu derrubei a tv de casa no chão e ela quebrou inteira.

Meu pai sempre foi um homem muito rígido e os castigos faziam parte da minha educação. Naquele momento, eu fiquei paralisado. Sabia que meu pai estava bem atrás de mim, e que tinha visto aquilo. Esperei pelo grito, pela surra, pelo palavrão...nada! Silêncio total. Ele não me disse uma palavra sequer. Simplesmente virou as costas e saiu de perto de mim. E se passaram meses até que recebi uma palavra dele novamente.

Depois desse dia, nossa relação nunca mais foi a mesma. Receber o desprezo do meu pai foi fator crucial para eu crescer uma pessoa insegura, e isso baseou todas as minhas relações e escolhas de vida.

Graças à TRG eu consegui desbloquear essa lembrança. Até falei com meu pai sobre esse ocorrido, e ele também não recordava do fato. Reprocessando aquele momento eu me libertei da dor do desprezo dele, e consegui dar boas risadas ao falar sobre isso com ele. Estou bem melhor com relação à minha insegurança e sei que até o final da terapia estarei 100%!